Em alusão a Semana do Meio Ambiente e em comemoração ao aniversário de 1 ano do Projeto Raízes da Cooperação, realizamos nosso 2º Seminário Presencial com o tema “Desafios e soluções para adaptação às mudanças climáticas no sul do Brasil”, no dia 3 de junho, na sede do Auditório do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Também transmitido simultaneamente pelo canal do Youtube do Projeto, o Seminário teve na sua programação um time de pesquisadoras, lideranças e ambientalistas femininas no comando das palestras do dia. Além disso, o evento contou com a exposição do Projeto ProFRANCA/Instituto Australis e do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PAEST).
Morgana Eltz, responsável pelo apoio administrativo do Projeto Raízes da Cooperação, representando o Instituto do Meio Ambiente (IMA), foi quem comandou a cerimônia. A abertura teve a liderança indígena Cacica Eliara Antunes, da Terra Indígena Guarani Morro dos Cavalos, falando sobre o tema “A Comunidade Indígena e o Clima”.
Durante sua fala, frisou a importância da espiritualidade dos povos indígenas e sua ligação com a natureza. “A herança que carregamos como indígenas é a preservação da natureza”, disse Eliara.
Ao visitar outras comunidades indígenas do Rio Grande do Sul, reforçou sobre a necessidade de olhar com mais cuidado para seu próprio território, depois do impacto e destruição que presenciou por lá. “O homem se desconectou da natureza e acha que pode ser superior a ela. Isso está causando toda essa destruição”, finaliza a cacica.
Seguindo o time de mulheres que palestraram durante o seminário, a Bióloga e Doutora em Engenharia Ambiental, Camila Ramos, abordou o tema “Plano de Recursos Hídricos e Mudanças Climáticas”.
A profissional, que atualmente faz parte da equipe do Projeto de Fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Agrupamento Leste do Estado, trouxe perspectivas e informações sobre a gestão de recursos hídricos no estado, projetos em andamento nas bacias hidrográficas e dados sobre as alterações que estão acontecendo em Santa Catarina devido aos impactos das mudanças climáticas, como aumento de enchentes, inundações e também de secas severas em outras regiões do estado. “Os cenários com inundações e secas cada vez mais fortes também estão aumentando”, disse.
Para encerrar a primeira parte do evento, a jornalista ambiental Gisele Elis trouxe um resumo das ações e resultados nas áreas de restauração ecológica, pesquisa científica, educação ambiental, mobilização social e ciência cidadã do primeiro ano de atuação do Projeto Raízes da Cooperação, na Grande Florianópolis.
A última palestra, esperada por muitos participantes, da grande pesquisadora do clima, Marina Hirota, trouxe o tema “O que sabemos sobre pontos de não retorno na Amazônia?”.
Hirota é uma referência no Brasil e possui um extenso currículo na área. Professora associada da UFSC, onde leciona na graduação de meteorologia, engenharias e pós-graduação em Ecologia. É matemática, com mestrado em engenharia da computação e doutorado em Meteorologia pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Falou da importância da Amazônia, sobre os “Tiping points”, ou seja, pontos de não retorno, sobre como as coisas já estão mudando, evidências acerca do ponto de não retorno, próximos passos e desafios.
“Quando falamos em mudança e em ponto de não retorno, temos que entender que a diferença entre os dois tem a ver com a velocidade que isso acontece. Quando falamos de uma combinação de fatores que se retroalimentam e aceleram o processo de não retorno. Teremos perturbações diferentes, respostas diferentes, impactos diferentes para diferentes regiões da Amazônia. Isso também pode acontecer em outros biomas e outros ecossistemas, não só na Amazônia”, explica Hirota.
Saiba mais sobre o Raízes a Cooperação:
O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), possui parceria da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, e atua com pesquisa, educação e restauração, visando a conservação dos manguezais e ecossistemas associados inseridos na região hidrográfica litoral centro de Santa Catarina, englobando áreas do município de Palhoça, São José e Florianópolis.
Essa é a bacia hidrográfica com o maior índice populacional do Estado de Santa Catarina, onde também estão as principais nascentes de água para abastecimento da Grande Florianópolis. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, do esgoto, de incêndios e do aumento do nível do mar.