Pesquisa estuda potencial de estoque de carbono em manguezais criados da Grande Florianópolis

Publicado em 26/09/2024
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Estudar o potencial de estoque e sequestro de carbono em manguezais criados, ou seja, que cresceram em áreas aterradas da Grande Florianópolis, comparando com ecossistemas de áreas naturais, é o objetivo principal de uma linha de pesquisa em desenvolvimento pelo Projeto Raízes da Cooperação, com apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Desde o início da pesquisa, em março de 2023, já foram realizadas 14 saídas de campo para coletas de dados da fitossociologia dos bosques de manguezais e coletas de solo e de raízes, totalizando mais de 200 amostras, em quatro pontos da Grande Florianópolis com o objetivo de estimar a quantidade de carbono na biomassa desses ecossistemas. Dois desses pontos estão em áreas criadas da beira-mar sul de São José e da Via Costeira, rodovia que liga a região centro-sul de Florianópolis. Ambas são regiões que passaram por processos de aterramentos urbanos. Ao longo do tempo, os manguezais foram colonizando alguns pontos desses trechos aterrados e se restabelecendo. Além das coletas nos manguezais criados, também foram coletadas amostras  em outros dois manguezais naturais, na Reserva Extrativista Pirajubaé e na Estação Ecológica Carijós. 

“As coletas de solo foram finalizadas ano passado. Até o momento foram realizadas coletas de raízes em três manguezais e temos uma última coleta prevista para o mês de setembro”, afirma a bióloga e bolsista do projeto, mestranda em Oceanografia Química pela UFSC, Aline Zanetti.

O objetivo do estudo é saber se os manguezais criados têm a mesma capacidade dos naturais em estocar carbono no solo. “O solo dos manguezais do sul do Brasil tem alta capacidade de estoque de carbono, por isso  a importância das coletas serem no solo e raízes. A quantidade de carbono na biomassa do mangue foi realizada através de cálculos com base em equações próprias para isso”, contextualiza.

Importante também destacar o papel que os manguezais desempenham na adaptação das regiões costeiras aos impactos das mudanças do clima. “Os manguezais são essenciais na contenção da erosão costeira, prevenindo impactos do avanço do nível do mar. Reduzem danos causados por enchentes e são os grandes berçários da vida marinha. Os benefícios de sua conservação são inúmeros”, ressalta Zanetti.

Pesquisa irá auxiliar projetos de restauração de manguezais

Os dados dos estoques de carbono dos manguezais criados e dos naturais da região deste estudo podem auxiliar com informações para projetos de restauração de manguezais. “Pode ajudar a subsidiar a delimitação de áreas prioritárias para conservação e restauração no futuro, pois com o aumento do nível do mar, os manguezais tendem a ocupar e se expandir para outras novas áreas. Além disso, contribuirá para calibração dos modelos de estoque de carbono desses ecossistemas”, destaca a pesquisadora.

A conservação desses ambientes naturais tem papel importante na mitigação das mudanças climáticas, devido a diversos serviços ecossistêmicos essenciais à vida, em destaque a capacidade de sequestro e estoque de carbono azul. 

Carbono azul se refere ao carbono sequestrado e armazenado  pelos ecossistemas costeiros e marinhos, como os manguezais. Essa floresta que que vivem dentre o  ambiente marinho-costeiro  estocam grandes quantidades de carbono da atmosfera e se não degradadas  armazenam em seus solos por um longo período podendo perdurar por mais de mil anos. 

Saiba mais sobre o Raízes a Cooperação:

O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, atua com pesquisa científica, restauração ecológica, mobilização social, educação e ciência cidadã, visando a conservação dos manguezais e ecossistemas associados inseridos na Grande Florianópolis. Região com maior índice populacional do estado.

Estas áreas de abrangência do projeto estão inseridas em três Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos. Este mosaico de áreas protegidas abriga comunidades tradicionais Mbya Guarani e de pescadores artesanais. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, de incêndios, do aumento do nível do mar e do esgoto irregular.

O Projeto Raízes da Cooperação tem apoio de outras instituições, entre elas, a Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Çarakura, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e Agência de Gestão e Educação Ambiental (AGEA). 

Mais informações:
Jornalista Responsável:
Gisele Elis (MTB 6822)
(48)99182-9013

Dilton de Castro
Coordenador do Projeto
(51) 99355-2254

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