Pesquisa científica identifica áreas críticas aos efeitos de inundações costeiras na Grande Florianópolis

Publicado em 26/09/2024
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Com o objetivo de elaborar projeções das áreas sujeitas à inundação costeira na Grande Florianópolis, através de uma pesquisa científica, em nível de pós-doutorado, o Projeto Raízes da Cooperação apresenta os primeiros resultados das análises que estão estruturadas num Sistema de Informação Geográfica.

Os dados apontam alta vulnerabilidade  das planícies da Grande Florianópolis em sofrer com inundações costeiras e aumento do nível do mar. “A análise do projeto envolve um olhar interdisciplinar para gestão de riscos e desastres com pesquisa de cenários de aumento do nível do mar, inundações e sequestro de carbono. De forma complementar, tem organizado informações sobre a vulnerabilidade das áreas urbanas ocupadas em locais denominados áreas de risco”, explica Luiz Pimenta, geógrafo que está executando a pesquisa de pós-doutorado, através da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), instituição parceira do projeto.

Os cenários de elevação do nível médio do mar foram elaborados usando como referência o portal Sea Level Rise, elaborado pela National Oceanic and Atmosferic Administration (NOAA) e a Ferramenta de projeção do nível do mar da National Aeronautics and Space Administration (NASA) – Sea Level Projection Tool. Segundo os modelos, o aumento do nível do mar ao longo da costa de Santa Catarina aumentará em média 0,25 – 0,30 metros nos próximos 30 anos (2020 – 2050).

A subida do nível do mar irá variar regionalmente ao longo da costa da região sul devido às mudanças na altura da terra e do oceano. “A subida do nível do mar criará uma mudança profunda nas inundações costeiras durante os próximos 30 anos, fazendo com que as alturas das marés e das tempestades aumentem e cheguem mais ao interior. Até 2050, prevê-se que as inundações “moderadas” (tipicamente prejudiciais) ocorram, em média, mais de 10 vezes mais frequentemente do que hoje, e podem ser intensificadas por fatores locais”, alerta o pesquisador.

O mapeamento quanto à inundação costeira da Região Hidrográfica Litoral Centro, equivalente a 5.299 km2, que abrange a Grande Florianópolis, identificou que 18, 66% dos terrenos estão sobre áreas sujeitas à inundação brusca e gradual. “Em relação ao cenário de risco, aproximadamente 62,30% das áreas urbanas estão sob risco de inundações”, ressalta Pimenta. 

Planícies da Grande Florianópolis sofrerão mais impactos com inundações 

Já na escala das áreas de planícies, que corresponde a 978 Km2, o risco é ainda maior. Mais de 76% do território está em risco de inundação devido a eventos climáticos extremos, associados às chuvas e marés de sizígia. “Com os cenários de subida do nível do mar e chuvas extremas, é importante destacar que, da área total da planície, pelo menos 40,51% serão inundadas com maior amplitude e frequência da maré nos próximos anos. O mapeamento identificou que 21,5% das áreas urbanas estão vulneráveis aos eventos de inundação”, diz.

Áreas críticas: as planícies costeiras

As planícies costeiras, no entanto, foram consideradas áreas críticas, com alto risco de inundação em cotas que variam até 5 metros. 

Por isso, foram identificadas como  prioritárias para a conservação e amortecimento dos efeitos da elevação do nível do mar. “O mapeamento identificou 276,78 km² como áreas prioritárias para a reabilitação de manguezais e de transição, o que corresponde a 69,8% do território. Atualmente 21,6 % das áreas já se encontram urbanizadas”, finaliza o pesquisador. 

A pesquisa revela a necessidade de priorizar a reabilitação de áreas de manguezais e de transição, como restingas por exemplo, de mais de 60% do território das planícies. 

As cidades que compõem as planícies costeiras da área citada são Paulo Lopes, Palhoça, São José, Florianópolis, Biguaçu, Tijucas e Garopaba.

Saiba mais sobre o Raízes a Cooperação:

O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, atua com pesquisa científica, restauração ecológica, mobilização social, educação e ciência cidadã, visando a conservação dos manguezais e ecossistemas associados inseridos na Grande Florianópolis. Região com maior índice populacional do estado.

Estas áreas de abrangência do projeto estão inseridas em três Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos. Este mosaico de áreas protegidas abriga comunidades tradicionais Mbya Guarani e de pescadores artesanais. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, de incêndios, do aumento do nível do mar e do esgoto irregular.

O Projeto Raízes da Cooperação tem apoio de outras instituições, entre elas, a Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Çarakura, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e Agência de Gestão e Educação Ambiental (AGEA). 

Mais informações:
Jornalista Responsável:
Gisele Elis (MTB 6822)
(48)99182-9013

Dilton de Castro
Coordenador do Projeto
(51) 99355-2254

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