O Projeto Raízes da Cooperação deu início às primeiras oficinas comunitárias em restauração ecológica de manguezais e ecossistemas associados. Com foco em áreas de restinga do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Palhoça, as duas primeiras oficinas realizadas foram na área de mapeamento e diagnóstico participativo do projeto, com um grupo de estudantes, professores e comunidade do entorno.
Foram realizadas duas oficinas no mesmo dia, incluindo aula teórica, saída de campo com leitura da paisagem e diagnóstico ambiental, prática com aplicativo GPS, leitura de mapas técnicos e desenho dos mapas (cartografia participativa).
“A partir da apresentação dos mapas da região em questão, trabalha-se a leitura da paisagem, identificando seus elementos bióticos e abióticos, aspectos geomorfológicos e também o histórico de ocupação humana ao longo dos anos. Em campo, a prática de diagnóstico participativo permite aguçar o olhar sobre os ecossistemas”, explica o historiador e graduando em Biologia, com especialização em restauração florestal do Instituto Çarakura, Mateus Costa Barros.As técnicas de mapeamentos participativos e diagnósticos ambientais colaborativos têm sido adotados em projetos de planejamento urbano, pesquisas para elaboração de zoneamentos, para delimitação de unidades de conservação, diagnósticos socioambientais ou mapeamento de áreas de risco.
“O mapeamento participativo é uma importante ferramenta para inclusão das comunidades da região no processo de identificação de fatores estressores e sensibilização ambiental, contribuindo para a tomada de decisão nas estratégias de restauração ecológica”, destacou o ecólogo do Instituto Çarakura, Fábio Penna.
As oficinas, de acordo com Penna, apresentam ferramentas simples e acessíveis de georreferenciamento, para que os participantes possam utilizá-las em projetos socioambientais, de estudo ou até pessoais.
Buscando valorizar os serviços ambientais desses ecossistemas para adaptação e mitigação às mudanças climáticas, as oficinas comunitárias em restauração ecológica integram as ações de educação ambiental do Projeto Raízes da Cooperação, cujo objetivo é contribuir com a conservação dos manguezais e ecossistemas associados da Grande Florianópolis, com parceria da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Ao todo estão previstas 8 oficinas, com temas sequenciais e complementares às duas primeiras. As próximas serão: Oficinas técnicas e práticas de restauração ecológica; Oficinas de elaboração dos Planos de Ação de Restauração ecológica; e, por último, Oficinas de Monitoramento Ambiental Participativo.
“Pretendo fazer todas as oficinas e ser uma bióloga especializada em áreas de manguezais e ecossistemas associados”, revelou Paula Dias, estudante de Biologia, presente nas duas primeiras.
O Projeto Raízes da Cooperação, realizado pela Organização Ação Nascente Maquiné (ANAMA) e instituições parceiras, está realizando, além das ações de educação ambiental e mobilização social (seminários, cursos, oficinas, encontros, mutirões),ações de restauração ecológica (controle de espécie exótica e revegetação) e de pesquisas científicas relacionadas aos impactos das mudanças do clima nos manguezais da Grande Florianópolis.
Onde as ações estão acontecendo?
As ações são localizadas nas Unidades de Conservação e entorno do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Palhoça), Estação Ecológica Carijós e Reserva Extrativista Pirajubaé (Florianópolis) e, ainda, na Terra Indígena Mbya Guarani Morro dos Cavalos (Palhoça).
As ações de restauração têm apoio do Instituto Çarakura e do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Serão todas em Palhoça, num total de 10 hectares, considerando ações de conservação e restauração de 7 hectares de duas ilhas, nos Rios da Madre e Maciambu, e 3 hectares de restinga no entorno do Centro de Visitantes do Parque. Além dos benefícios ambientais diretos nos 10 ha restaurados, a conservação desta área é capaz de promover a proteção e a resiliência em um total de 80 hectares de mangues, restingas, banhados e florestas.