Oficina capacita comunidades indígenas do Morro dos Cavalos para criação de abelhas nativas

Publicado em 08/11/2023
Você está em: Notícias / Palhoça

As aldeias dos povos Guarani Yakã Porã, Itaty, Tadendy Rupa e Tekoa, do Território Indígena Morro dos Cavalos, em Palhoça, receberam uma formação em meliponicultura, nos dias 19 e 20 de outubro. Desenvolvida pela Ação Nascente Maquiné (ANAMA), organização que executa o Projeto Raízes da Cooperação, em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, a oficina para criação de abelhas nativas sem ferrão prevê, ainda, um segundo encontro, e acompanhamento da criação ao longo do próximo ano.

A demanda de capacitação na criação de abelhas nativas, solicitada pela própria comunidade indígena, integra a estratégia de restauração ecológica de manguezais e ecossistemas associados do Projeto Raízes da Cooperação. “Faz parte do nosso projeto a inclusão dos indígenas Guarani, através do apoio aos encontros entre aldeias e pela meliponicultura, contribuindo para a aproximação entre o Parque Estadual Serra do Tabuleiro e o Território Indígena Morro dos Cavalos”, explica o coordenador do projeto, Dilton de Castro.  

Parte do território indígena está dentro da área de abrangência do parque, que por sua vez, faz parte do mosaico sociocultural de territórios englobados pelo Projeto Raízes da Cooperação, na Grande Florianópolis. A ação vai ao encontro da restauração ecológica ao incentivar a conservação dos principais polinizadores da floresta, as abelhas nativas, e que também apresentam relevância cultural para os Guarani em diversos rituais.

“Essa oficina é muito importante para a gente, porque vamos poder usar mel e própolis produzido pelas abelhas nativas no preparo de xaropes e para nossa alimentação”, disse o agente comunitário de saúde indígena e uma das lideranças da Aldeia Yakã Porã, Joarez da Silva.

Oficina mostrou passo a passo para criação de abelhas

A oficina começou com uma roda de conversa, seguida da parte prática com instalação dos suportes e caixas de criação (colmeias) colonizadas por abelhas nativas da espécie Jataí (Tetragonisca angustula), seguida de aula teórica com informações sobre as diferentes espécies de abelhas nativas. A segunda parte prática incluiu a abertura de todas as caixas para mostrar a estrutura das colmeias e os cuidados no manejo, além da produção de armadilhas para atração e captura de abelhas nativas. Ao todo, foram instaladas 18 colmeias nas três aldeias.

Os próximos passos incluem o monitoramento das armadilhas, com o intuito de verificar a captura de novos enxames e, em caso positivo, a transferência para as caixas. Além disso, o projeto trará uma liderança Guarani para falar sobre a importância das jataís na sua cultura.

“Para que se tenha sucesso na criação de abelhas, algumas condições devem ser consideradas no momento em que o meliponicultor está escolhendo como instalar as caixas (colmeias), como, por exemplo, o local, que deve ser próximo de uma fonte de água, com menor incidência de vento, ter sombreamento para que não aqueça muito no sol e de fácil acessibilidade para manejo”, explicou o biólogo e indigenista da ANAMA e assessor técnico para meliponicultura no projeto, Gabriel Poester.  

A criação de abelhas nativas sem ferrão ou abelhas indígenas (meliponicultura) é uma alternativa que pode melhorar a produtividade e a qualidade dos plantios, pois elas cumprem um papel muito importante na polinização de plantas, ao mesmo tempo em que auxiliam na manutenção da biodiversidade, com a prestação de serviços ambientais.

“Desta maneira, busca- se a integração dos polinizadores, através da meliponicultura, à restauração ecológica, potencializando os processos, funções e serviços ecossistêmicos e a regeneração das áreas de manguezais e ecossistemas associados, um dos objetivos principais do Projeto Raízes da Cooperação”, complementa Dilton. 

Mais informações:
Jornalista Responsável:
Gisele Elis (MTB 6822)
(48)99182-9013

Dilton de Castro
Coordenador do Projeto
(51) 99355-2254

Notícias relacionadas