Monitorar a restauração de ecossistemas marinho-costeiros, como manguezais e restingas, é um trabalho essencial para avaliar e medir os resultados alcançados. No Projeto Raízes da Cooperação, as ações de restauração ecológica que estão acontecendo em Palhoça, são acompanhadas de monitoramento conforme metodologia proposta pelo Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, adaptada ao projeto.
O objetivo é avaliar a eficácia da restauração ao longo do tempo, com diagnósticos que devem ser feitos antes, durante e depois. Ao todo, desde 2023, foram realizadas 19 saídas de campo para realizar 3 diagnósticos iniciais, 9 monitoramentos intermediários e 3 diagnósticos finais. A área total monitorada foi dividida em 16 parcelas, o que corresponde a 1.600 metros quadrados.
Três áreas diferentes do município de Palhoça estão sendo restauradas: uma ilha no Rio da Madre, uma ilha no Rio Maciambu e o entorno do Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (Paest).
A restauração ecológica dessa área começou pela remoção de 7,7 hectares de pinus, espécie exótica invasora, concluída em dezembro do ano passado. Ao longo de 2024, foram plantadas 3 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Foram 500 mudas de mangue nas ilhas e 2.500 mudas de espécies nativas de restinga no entorno do Paest.
Nos diagnósticos inicial e final, foram levantados dados bióticos (densidade de indivíduos regenerantes e, número de espécies nativas regenerantes) e abióticos (índice de cobertura de solo por vegetação nativa, espessura da serrapilheira e luminosidade) das áreas em restauração ecológica. “Nos monitoramentos intermediários foram avaliadas as respostas ambientais decorrentes do controle das espécies exóticas invasoras e da formação dos núcleos de regeneração, bem como de outros fatores não previstos. Foi realizada análise comparativa da riqueza de espécies da flora detectadas nas Áreas de Monitoramento durante cinco momentos, onde se avalia se houve incremento de espécies no processo de restauração, para além das mudas plantadas pelo projeto”, explica a bióloga e responsável pelas ações de restauração, Mônica Gomes.
“Acompanhamos a regeneração natural em sucessão, com ocorrência de espécies da flora que se beneficiaram com a entrada de luz após o corte de pinus. A entrada de luz solar tem acelerado o processo de decomposição de acículas e troncos, contribuindo para ciclagem de nutrientes. Também já se nota a presença e crescimento significativo de fungos degradadores de madeira sobre os troncos de pinus”, afirma Mônica.
Monitorar a restauração a longo prazo:
Monitorar a evolução da restauração ecológica, segundo o coordenador do projeto, Dilton de Castro, necessita de um prazo maior para se averiguar se foram atingidas as metas satisfatórias. “O restabelecimento das funções e estruturas dos ecossistemas, como diversidade de espécies, fertilidade do solo e, qualidade da água, necessitam de mais tempo de acompanhamento para nos certificar de sua resiliência”, diz.
As avaliações constantemente realizadas nas áreas de restauração trouxeram algumas informações importantes para o entendimento dos processos em andamento. “O processo de recolonização por pinus, por exemplo, é muito intenso e tal situação indica a necessidade de continuidade de acompanhamento destas áreas para remoção dos jovens pinus, que nesta fase de crescimento é mais fácil de se realizar”, afirma Mônica Gomes.
Os resultados da restauração serão mais efetivos a longo prazo, após a comparação com outras áreas semelhantes. “Através do Protocolo do PACTO da Mata Atlântica, monitoramos a evolução do processo de restauração e a trajetória ecológica das áreas em processo de restauração. Os dados coletados possibilitarão a comparação da efetividade da restauração com outras áreas semelhantes e com o mesmo tempo de implementação”, explica a bióloga.
Saiba mais sobre o Raízes a Cooperação:
O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, atua com pesquisa científica, restauração ecológica, mobilização social, educação e ciência cidadã, visando a conservação dos manguezais e ecossistemas associados inseridos na Grande Florianópolis. Região com maior índice populacional do estado.
Estas áreas de abrangência do projeto estão inseridas em três Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos. Este mosaico de áreas protegidas abriga comunidades tradicionais Mbya Guarani e de pescadores artesanais. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, de incêndios, do aumento do nível do mar e do esgoto irregular.
O Projeto Raízes da Cooperação tem apoio de outras instituições, entre elas, a Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Çarakura, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e Agência de Gestão e Educação Ambiental (AGEA).