Grande Florianópolis recebe ações de restauração, pesquisa e ciência cidadã para combater impactos da crise climática

Publicado em 18/03/2024
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Com uma pesquisa inédita no Brasil em que compara o potencial de estoque de carbono em manguezais que cresceram sobre áreas aterradas com os de áreas naturais da Grande Florianópolis, aliada a ações de restauração e ciência cidadã, o Projeto Raízes da Cooperação, realizado em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, reforça a importância dessas ações neste sábado, 16 de março, Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas.

O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), tem como objetivo contribuir com a conservação de manguezais e restingas da Grande Florianópolis, visando mitigar os impactos das mudanças climáticas. Manguezais e restingas preservados são ecossistemas fundamentais no combate a essas consequências causadas pelos eventos climáticos extremos, devido à capacidade de sequestro e estoque de carbono desses ambientes.

Santa Catarina está entre os estados que mais sofrem com os fenômenos climáticos no país, devido a soma de alguns fatores como sua localização geográfica, sua faixa litorânea e a umidade do ar, por exemplo. O aquecimento global piora uma condição que sempre existiu em Santa Catarina. A região está localizada geograficamente onde se chocam as massas de ar quente e frio. Isso por si só é o início para vários eventos extremos.

De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, o estado está entre os primeiros lugares do país quando se observa a quantidade de desastres e o tamanho do prejuízo deles. O órgão informa que em 2024 foram registrados 874 casos. Ainda, segundo o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil, a enxurrada é o evento mais comum no estado.

A área de abrangência do projeto engloba os municípios de Florianópolis e Palhoça, inseridos em três Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos. Este mosaico de áreas protegidas abriga comunidades tradicionais Mbya Guarani e pescadores artesanais. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, de incêndios, do aumento do nível do mar e do esgoto.

O Projeto Raízes da Cooperação tem apoio de outras instituições, entre elas, a Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Çarakura, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e Agência de Gestão e Educação Ambiental. Suas ações estão alinhadas a um dos marcos estratégicos da Petrobras, no que diz respeito ao compromisso de proteger o meio ambiente, através da preservação da biodiversidade e da mitigação de questões climáticas pela captura de carbono.

Conheça nossas ações:

Restauração ecológica e controle de espécies exóticas: 

Depois de quatro meses, o Projeto Raízes da Cooperação superou a meta total de corte e manejo de 7 hectares de pinus de duas ilhas, em Palhoça. A área invadida pela espécie exótica corresponde a mais de sete campos de futebol e voltará a dar espaço para as espécies nativas da Mata Atlântica. O objetivo é restaurar as áreas de restinga e manguezais desse território. 

Em 2024, projeto promoverá o plantio de espécies nativas por meio de 5 mutirões de plantio. Ao todo, serão plantadas 3 mil mudas de espécies de mangues e de restinga nessas ilhas e também no entorno do Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PAEST), totalizando uma área de 10 hectares. Além dos benefícios ambientais diretos nesses ambientes restaurados, a conservação desta área é capaz de promover a proteção e a resiliência em um total de 54 hectares de mangues, restingas, banhados e florestas do território.

Ciência Cidadã, Educação Ambiental e Mobilização Social: 

O Raízes da Cooperação também está realizando a promoção da Ciência Cidadã no espaço escolar e nas comunidades do entorno de Unidades das Conservação, com foco no monitoramento participativo dos manguezais, através de um processo formativo dividido em três etapas: curso teórico gratuito online (finalizado); aulas práticas com saídas de campo e apoio na realização de estratégias de ação e projetos que serão desenvolvidos pelos cursistas, neste ano.

O curso visa formar educadores e gestores ambientais para atuarem na educação ambiental e ciência cidadã com foco nas mudanças climáticas e restauração de ecossistemas marinhos-costeiros.

Em 2024, serão realizadas 30 saídas de campo aos manguezais da área de abrangência do projeto, com os alunos das escolas da rede pública e moradores do entorno destas Unidades de Conservação. Ao todo, serão alcançadas até 1.000 pessoas.

Pesquisas científicas e livro inédito sobre os Manguezais do Sul do Brasil: 

O Projeto Raízes da Cooperação está desenvolvendo uma pesquisa, em nível de pós-doutorado, que resultará na elaboração de projeções das áreas sujeitas à inundação costeira na Grande Florianópolis, baseado nas perspectivas futuras dos impactos das mudanças climáticas. O objetivo é elaborar cenários, através de mapas, de elevação do nível do mar e cruzar esse mapeamento com os planos de ocupação territorial. A pesquisa ajudará a subsidiar estudos de vulnerabilidade e de ocupação futura da Grande Florianópolis.

“Realizaremos a identificação de cenários de risco decorrentes das mudanças climáticas com base nas inundações costeiras, por meio de sensoriamento remoto e geoprocessamento. A partir das análises espaciais, cruzaremos essas informações com as políticas públicas: planos de bacias, planos de saneamento, planos diretores, planos de manejo e gerenciamento costeiro”, detalha Luiz Pimenta, geógrafo que está executando a pesquisa, através da UFSC, instituição que apoio o projeto. 

A outra pesquisa, em nível de mestrado, e inédita no Brasil, está analisando o potencial de estoque e sequestro de carbono em manguezais acrescidos, ou seja, que cresceram em áreas aterradas da Grande Florianópolis, comparando com os mesmos ecossistemas de áreas naturais. O objetivo do estudo é saber se os manguezais acrescidos têm a mesma capacidade dos naturais em estocar carbono na biomassa do solo.

Os manguezais mais austrais do Brasil, localizados em Santa Catarina, possuem importância estratégica no combate às mudanças climáticas. Se comparados aos manguezais em zonas tropicais, alocam mais energia nas estruturas subterrâneas do que nas estruturas aéreas, ou seja, proporcionalmente tendem a estocar mais carbono nos solos.

Os resultados das pesquisas serão divulgados como artigos científicos e, também, através de um livro inédito sobre os “Manguezais do Sul do Brasil”, um dos produtos que serão lançados pelo Projeto, em 2024.

Mais informações:
Jornalista Responsável:
Gisele Elis (MTB 6822)
(48)99182-9013

Dilton de Castro
Coordenador do Projeto
(51) 99355-2254

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