Escola cria viveiro de mudas de mangue para restaurar mata ciliar de rio em Florianópolis

Publicado em 08/08/2024
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Uma escola no norte da ilha de Florianópolis está se destacando ao desenvolver um projeto inovador. O “Projeto Manguezal Vivo: cultivando a vida costeira”, da Escola Municipal Herondina Medeiros Zeferino tem como objetivo restaurar a mata ciliar do Rio Capivari, através do desenvolvimento de um viveiro de mudas de manguezal.

Sob a coordenação das professoras Ana Maria Freitas e Alessandra Aparecida Holits, que passaram pelo processo formativo em Ciência Cidadã do Projeto Raízes da Cooperação, os alunos de turmas do 5º ao 9º ano estão aprendendo sobre o ecossistema manguezal através de aulas teóricas e saídas de campo. O projeto também tem a união de outros projetos da instituição realizados no contraturno escolar: o Projeto Sustentabilidade e o Embaixadores do Oceano.

Nas aulas práticas, além de coletar sementes de mangue, os alunos também estão aprendendo sobre a Estação Ecológica de Carijós, Unidade de Conservação em que está inserido o ecossistema, e preenchendo um protocolo de monitoramento participativo, desenvolvido pela UFSC em colaboração com o Projeto Raízes da Cooperação, onde são analisados todos os elementos do manguezal e de seu entorno.

De acordo com a professora Ana Maria, já foram coletados mais de 400 propágulos, ou seja, sementes de mangue, para o viveiro que estão montando. “Nosso objetivo é testar o desenvolvimento dessas sementes em diferentes substratos, ou seja, tipos de solos”, explica a professora.

Para isso, estão sendo feitos testes com as sementes em cinco tipos de caixas com substratos (solo) coletados de: água doce, água de estuário, água salgada, água do Rio Capivari e água de estuário com alga Sargassum adicionada (propícia ao desenvolvimento de mudas de mangue).

“Vamos testar e analisar em qual desses ambientes a muda de mangue se desenvolve melhor, para então iniciarmos o acompanhamento das próximas fases de desenvolvimento da planta. Já fizemos alguns testes que não deram certo, por isso estamos testando esses cinco tipos de tratamento. Regamos diariamente as caixas e observamos que as sementes estão se adaptando melhor nas caixas com substratos que contêm água salgada”, explica Ana Maria.

Ao se adaptarem, as mudas se transformarão em plântulas, e quando estiverem neste estágio podem ser transferidas para os tubetes biodegradáveis e serem transplantadas para o local de plantio. “Queremos plantar nas margens do Rio Capivari, porque os moradores mais antigos dizem que ali tinha manguezal, mas ele foi sendo devastado e hoje o rio está sofrendo com a poluição”, ressalta a professora.

Segundo ela, a maioria dos alunos que participam do projeto não conhecia um manguezal, “Eles ficaram encantados e estão super engajados no projeto”, conta.

O projeto do viveiro da Escola Herondina é resultado de uma das linhas de atuação do Projeto Raízes da Cooperação, promovido através do Curso de Formação de “Ciência Cidadã e a Cultura Oceânica para o Enfrentamento da Emergência Climática”, composto por nove aulas teóricas, saídas de campo e apoio no desenvolvimento de projetos práticos. Um evento final “Conectando com outras raízes”, que acontecerá no dia 25 de setembro, reunirá todos esses projetos desenvolvidos.

O objetivo dessa frente de atuação é promover a ciência cidadã no espaço escolar e nas comunidades do entorno de Unidades de Conservação da Grande Florianópolis (área de abrangência do Projeto Raízes da Cooperação), alinhado ao monitoramento participativo de manguezais e ecossistemas associados. A proposta é apoiar educadores e gestores ambientais para atuarem na educação ambiental e ciência cidadã com foco nas mudanças climáticas e restauração de ecossistemas marinhos-costeiros.

As ações de ciência cidadã do Projeto Raízes da Cooperação, realizado em parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, tem apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Agência de Gestão e Educação Ambiental (AGEA).

Saiba mais sobre o Raízes a Cooperação:

O Projeto Raízes da Cooperação, executado pela Ação Nascente Maquiné (Anama), atua com pesquisa científica, restauração ecológica, mobilização social, educação e ciência cidadã, visando a conservação dos manguezais e ecossistemas associados inseridos na região hidrográfica litoral centro de Santa Catarina, que engloba os municípios de Florianópolis, São José e Palhoça. Região com maior índice populacional do estado.

Estas áreas de abrangência do projeto estão inseridas em três Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e as federais Reserva Extrativista do Pirajubaé e Estação Ecológica Carijós, além da Terra Indígena Morro dos Cavalos. Este mosaico de áreas protegidas abriga comunidades tradicionais Mbya Guarani e de pescadores artesanais. As principais ameaças a esses ambientes vêm da urbanização, de espécies exóticas invasoras, de incêndios, do aumento do nível do mar e do esgoto irregular.

O Projeto Raízes da Cooperação tem apoio de outras instituições, entre elas, a Universidade Federal de Santa Catarina, Instituto Çarakura, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) e Agência de Gestão e Educação Ambiental. 

Mais informações:
Jornalista Responsável:
Gisele Elis (MTB 6822)
(48)99182-9013

Dilton de Castro
Coordenador do Projeto
(51) 99355-2254

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